Os fuzis de assalto podem ser agrupados conforme as gerações em que foram projetados, desde o pós-guerra.


Primeira geração - anos cinqüenta.


Transcrição:

"A primeira geração de Fuzis de Assalto, surgida nos anos 50, caracteriza-se pela construção combinando a caixa da culatra usinada em aço com as guarnições em madeira, e pelo uso de calibres intermediários, porém extremamente potentes, tais como o 7,62x51mm, no Bloco Ocidental, e o 7,62x39mm, no Bloco Oriental.

São exemplos notórios desta geração:O M-14 norte-americano e seus derivados, tal como o BM-59 italiano; o FAL belga e todas suas variantes de diversas origens; o H&K G-3 alemão e suas cópias; e, o ícone, o AK-47 e todas suas cópias e derivações, como o Type 56, o Valmet, o Galil cal. 7,62x51mm, entre alguns outros".

Alexandre Beraldi.

"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"



Observe-se que entre os fuzis de primeira geração elencados por Beraldi encontram-se também os mais confiáveis: o AK-47, a que o especialista chama "o ícone"; o FAL da indústria belgo-brasileira; o G-3 alemão e o M14 estadunidense. Outro que pode vir a ser listado entre os mais confiáveis em pouco tempo é o FN SCAR, de quarta geração, a que Beraldi dedicou um trabalho inteiro a parte, mas ainda não é mencionado por ele nesta classificação.


Segunda geração - anos sessenta.


Transcrição:

"A segunda geração, nascida nos anos 60, buscou uma maior economia e facilidade de produção, além da redução de peso, caracterizando-se pela construção em aço estampado ou ligas metálicas leves, como o alumínio, e pelo uso de guarnições plásticas.

São exemplos desta geração: o AR-15/M-16 norte-americano, que foi além, buscando também uma munição mais leve e barata, e o AKM russo".

Alexandre Beraldi.

"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"



A segunda geração de fuzis de assalto está longe de ser uma geração das mais confiáveis. A baixa confiabilidade do mecanismo do AR-15/M16 é melhor explanada pelo próprio Beraldi do que por qualquer outro, como se vê no tópico "A Baixa Confiabilidade Do Mecanismo do AR-15/M-16".

Beraldi também escreve:

"5 - Ressurgimento dos calibres “pesados”

Nos combates ocorridos no Afeganistão e no Iraque notou-se uma característica
interessante dos Fuzis de Assalto M-16 e M-4 utilizados pelos norte-americanos: somente quando a munição 5,56x45mm OTAN modelo SS109 “capotava” e fragmentava-se ao atingir o alvo é que eram obtidos bons índices de “stopping-power” ou “poder de parada”.
Quando este efeito de tombamento e fragmentação não ocorria, o projétil simplesmente atravessava o alvo, causando-lhe poucos danos, sendo necessário, por vezes, três a quatro disparos para incapacitar o inimigo. Ocorre que, ao ser disparada pelo Fuzil de Assalto M-16, com cano de 20 polegadas raiado à razão de uma volta a cada 7 polegadas, esta fragmentação só ocorre até os 200m. Quando disparada do Fuzil de Assalto M-4, com cano de 14 ½ polegadas raiado num passo de uma volta a cada 9 polegadas, a munição SS109 só atingia esta performance até os75m. E quando disparada de um Fuzil de Assalto M-4 Commando, com cano de 10 ½ polegadas e raiamento de uma volta a cada 9 polegadas, só se obtinha fragmentação até os 25m. Para os soldados que compõe o grosso da infantaria isto não faz diferença, pois a estatística demonstrou que a vasta maioria dos combates foram travados em distâncias de até 50m. Porém ficou demonstrado que os integrantes do USSOCOM engajavam seus alvos em distâncias de 300m a 600m, principalmente no terreno montanhoso do Afeganistão e nas largas planícies do Iraque. [...]

Isto levou, inicialmente, os combatentes destas unidades especializadas, bem como de algumas unidades de infantaria engajadas nos combates de montanha no Afeganistão, a recolocarem em uso o Fuzil M-14, calibre 7,62x51mm OTAN, [...]".

Alexandre Beraldi
"Fuzil de Assalto: o panorama atual"


Terceira geração - anos oitenta.


Transcrição:

"A terceira geração, surgida nos anos 80, buscou a maior compaticidade da arma, com a adoção de fuzis com configuração do tipo Bullpup (caixa de culatra assumindo o lugar da coronha), uma redução ainda maior de peso – caracterizada pelo emprego de materiais de nova geração, como os polímeros – e uma nascente preocupação com sistemas de pontaria mais eficientes, sendo exemplos desta fase: O Steyr Aug suíço, o FAMAS francês e o L-85 inglês, entre outros."

Alexandre Beraldi.

"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"



O Steyr Aug, membro possivelmente mais confiável desta geração, já saiu de serviço na Malásia, dando lugar à dotação da carabina M4A1, de quarta geração.

Eu de mim nunca depositei confiança nesses exóticos fuzis "bullpup" dos anos oitenta.
De modo similar, o automóvel de três rodas foi defendido por alguns, mais ou menos na mesma época, como uma evolução do automóvel, mas as supostas vantagens teriam que ser imensas para redefinir tudo a respeito dos veículos de quatro rodas: forma de dirigir, legislações mundiais de trânsito, hábitos, noção de estética e etc, sem falar em custos operacionais dessa revolução que não houve nem haverá.

Assim como houve um retorno aos calibres ditos "pesados" nos últimos tempos e, sobretudo, a partir das guerras do Iraque e do Afeganistão, os "bullpup" estão sendo descartados e preteridos em prol das configurações "de quatro rodas" da maior parte dos fuzis de quarta geração.


Quarta geração - anos noventa.


Transcrição:

"Já ao final dos anos 90 surge a quarta geração, a atual, caracterizada pela modularidade: em virtude do surgimento de novos cenários, vão chegando até o soldado de infantaria meios de tecnologia cada vez mais avançada, tornando-se de uso essencial, sob pena de não dar a mínima chance de sobrevivência aos que assim não procedem – como, por exemplo, o uso de equipamentos de visão noturna em conjunto com o armamento individual, pra estender pelas vinte e quatro horas do dia a capacidade de emprego eficiente da tropa. É mandatório, então, que o armamento do infante esteja apto a incorporar estes acessórios/atualizações de forma imediata, bem como desincorporá-los quando a situação não os exigir, seja para uma redução de peso, seja para preservação de componentes sensíveis.

Surgem então as versões do AR-15/M-16/M-4 com os “Rail Interface System”, ou sistema de interface através de trilhos de fixação, que permite a incorporação ao Fuzil de Assalto de acessórios diversos, tais como: equipamentos de visão noturna, miras laser, aparelhos de pontaria óticos com ou sem ampliação de imagem (lunetas e miras do tipo “red dot” – ponto vermelho), lançadores de granada, espingardas calibre 12, etc., tudo para melhor adequar a arma ao ambiente, à missão e à função daquele que a porta.
É patente também nesta fase a predileção pelas já citadas miras do tipo ponto-vermelho”, tais como as Aimpoint Comp M (adotadas pelo Exército Norte-Americano), as Mepor 21 (adotadas pelo Exército de Israel), as H&k (adotadas pelo Exército Alemão) e as Trijicon, entre outras, que por reduzirem em até 75% o tempo para efetuar-se a visada necessária a um tiro preciso (segundo estudos do próprio Exército Norte-Americano), tornaram-se equipamentos essenciais à sobrevivência nos conturbados e velozes engajamentos presentes no combate moderno.

Os exemplos de armas desta quarta geração são: a família M-16 A3/A4 RIS e o M-4 SOPMOD Norte-americanos, o Tavor israelense, o F2000 belga, o G-36/XM-8 alemão, bem como as evoluções de fuzis de gerações anteriores que buscam incorporar estas atualizações."



Alexandre Beraldi.

"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"



Como eu já pus em destaque acima, o FN SCAR é também um fuzil de quarta geração, se não for este o fuzil modular por excelência, copiado, em larga medida, pelo projeto Magpul Masada/Bushmaster ACR, que se cogita atualmente ter sido abandonado em favor, sobretudo, da dotação do SCAR pelas FFAA norte-americanas.


Quinta geração - ainda em fase de testes.


Transcrição:

"Não obstante toda esta modernidade, já há traços no horizonte de uma nova geração de fuzis de assalto, a quinta geração: na realidade são armas conjugadas, incorporando ao fuzil de assalto, um lançador de granadas - este normalmente com espoletas programáveis – além de sistemas de controle de tiro computadorizados, capacidade de identificação de amigo/inimigo e visada indireta (esta através de câmeras fixadas à arma, com imagem transmitida a um visor afixado ao
capacete).

"Esta nova geração de armas, que deve entrar em serviço já na próxima década, incorpora as últimas lições aprendidas nos recentes conflitos do Golfo e do Afeganistão, além de estudos e projeções que mostram que os combates futuros serão essencialmente urbanos – haja vista que no ano de 2010 teremos 85% da população mundial vivendo em cidades –, rápidos e com emprego maciço de sistemas de informação e armas de precisão, sendo vital para o infante a capacidade de saber onde ele próprio está, onde está o inimigo, visualizá-lo e neutralizá-lo, mesmo que este se encontre abrigado, e, preferencialmente, estando ele próprio protegido.

"São exemplos desta nova geração: o atualmente cancelado XM-29, substituído pela combinação XM-8/XM-25 norteamericanos (com interesse e sob observação por parte de outros países da OTAN), o PAPOP francês, versões atualizadas do F2000 belga, além de sistemas similares ingleses, israelenses, australianos, italianos, suecos, entre outros."



Alexandre Beraldi.

"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"

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"[...] Quando este efeito de tombamento e fragmentação não ocorria, o projétil simplesmente atravessava o alvo, causando-lhe poucos danos, sendo necessário, por vezes, três a quatro disparos para incapacitar o inimigo.

Isto levou, inicialmente, os combatentes destas unidades especializadas, bem como de algumas unidades de infantaria engajadas nos combates de montanha no Afeganistão, a recolocarem em uso o Fuzil M-14, calibre 7,62x51mm OTAN, [...]".

Alexandre Beraldi
"Fuzil de Assalto: o panorama atual"

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Os exemplos de armas desta quarta geração são: a família M-16 A3/A4 RIS e o M-4 SOPMOD Norte-americanos, o Tavor israelense, o F2000 belga, o G-36/XM-8 alemão, bem como as evoluções de fuzis de gerações anteriores que buscam incorporar estas atualizações".

Alexandre Beraldi.
"O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto,
a Atualidade e o Contexto Brasileiro"



Fotos da wikipédia com legendas originais e grifos nossos (clique sobre as imagens para vê-las ampliadas).




"An Army marksman in Fallujah, Iraq, using a modified M14 with a Leupold LR/T 10x40 mm M3".




"A SEAL operator with an M14 rifle fitted with an optical sight and a forward grip, participating in maritime interdiction enforcement of U.N. sanctions against Iraq during Operation Desert Storm "



"A soldier from the 325th Airborne Infantry Regiment with an M14 equipped with a Sage M14ALCS railed chassis".