Do Formspring

Em relação ao poder de parada, qual a diferença prática das munições .40 S&W e 9mm Luger EXPO +P+ Gold? grato.

qual a diferença prática entre o "poder de parada" dos calibres 9mm e .40?


O Parabellum é um calibre militar de armas curtas e submetralhadoras desenvolvido pelos alemães nos primeiros anos do século XX. Prima, coerentemente, por uma muito boa balística externa, já que, em campo de batalha, os engajamentos se dão, de ordinário, a distâncias maiores que na defesa pessoal. As pontas encamisadas ogivais das munições militares permitem ferir sem matar e incapacitar lentamente, pelo sangramento interno, pois é taticamente mais vantajosa esta situação que a da incapacitação rápida ou a da morte do soldado inimigo.

O .40 S&W é um calibre policial de última geração para armas curtas e submetralhadoras desenvolvido nos EEUU após o episódio conhecido como “tiroteio de Miami” e a partir do 10mm Auto pensado por João (John/“Jeff”) Cooper sob a orientação contemporânea da busca de munições capazes de gerar maior choque hidrostático e cavidade temporária mais ampla e deletéria, sendo isto obitido com recuo menos acentuado que o do calibre “pesado e veloz” de que se origina.

O 9mmP +P – ou +P+, expressão análoga utilizada por alguns fabricantes – é baseado nos mesmos princípios que o .40 S&W e defendido por Massad Ayoob, quiçá o mais reconhecido especialista em armas leves e munições do planeta: visa a produzir maior choque hidrostático e cavidade temporária mais ampla e deletéria, conforme a orientação da corrente de pensamento sobre balística dominante nos EEUU, a qual vem crescendo vertiginosamente e tende a se impor até mais que o necessário, a meu ver. Assim, embora não goste muito dessas expressões grifadas, me vejo forçado mencioná-las. O conceito do 9mmP +P funciona em sintonia com o das pontas expansivas macias a fim de que se tenha projéteis de alta velocidade e alta expansibilidade [que aumentam de diâmetro várias vezes após a deformação plástica].

Em relação a poder de parada – outra expressão de que nunca gostei muito e utilizo apenas para fazer objeção frontal a uma outra corrente, esta passional e desordenada, para não dizer reles, que focaliza a cavidade permanente e nega o “stopping power” – analiso o assunto sob uma ótica própria. Sem negar que a análise da quantidade de energia transferida seja o mais essencial em balística, prefiro quantificar em paralelo [ou exclusivamente, no caso de armas curtas] a FIP – Força de Impacto e Perfuração, a qual é dada pelo momento (massa vezes velocidade) e não pelo cálculo da massa em função da velocidade ao quadrado, em que o fator velocidade aparece, conforme constato, supervalorizado, distorcendo a realidade sobre a eficiência dos calibres.

Assim, na prática o cálculo da FIP – Força de Impacto e Perfuração [e, outrossim, da quantidade de energia, sobretudo, quando se fale em armas longas] irá permitir avaliar a intensidade do único fator que gera tanto a perfuração quanto a contundência (impacto) de que derivam o choque hidrostático tão cobiçado hodiernamente e a cavidade temporária. Em somatório, discutiríamos estilos de ponta e suas aplicações.

O 9mmP +P CBC Gold eu poderia analisar quantitativamente dentro destes cânones, já que se trata de uma munição específica, mas não um .40 S&W genérico: seria preciso que se especificasse uma carga ou a nomenclatura comercial de um produto, pois não há como se comparar na prática algo certo com algo indeterminado.


Igor Buys
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