Tópico sugerido pelo meu amigo "Mr.", Agente Federal.


Os comentários do general Julian S. Hatcher a respeito de João [John] Douglas Pedersen tomam as útimas linhas da página 383 e as primeiras da página 384 do famoso Hatcher’s Notebook. Segundo o legendário militar e pai da teoria do “[Relative] Stopping Power”, John Browning, a quem chama de amigo, considerava Pedersen “o maior projetista de armas do mundo”.

Foto de J.D. Pedersen constante do Hatcher’s Notebook e feita pelo próprio autor do livro.



João Pedersen foi engenheiro projetista de armas junto à Remington Arms Company Inc. durante muitos anos, mais tarde passando a trabalhar para o governo dos EEUU. Embora as fontes biográficas consultadas, como a Wikipedia em inglês, não tragam essa informação, de acordo com documentos de patente postados na web, Pedersen parece ter nascido na cidade de Jackson, no estado norte-americano de Wyoming, e patenteou 62 engenhos, entre os quais o mais notório é o Pedersen Device, ou dispositivo de Pedersen, desenvolvido durante a 1ª GG.


O mecanismo em questão, designado "US pistol, semi-automatic, .30 caliber, M1918 Mark I", segundo alguns, para preservar o segredo militar sobre o que de fato era, substituía o ferrolho padrão de rifles Springfield 1903 especialmente modificados, convertendo estas armas de repetição com ferrolho manual em fuzis semiautomáticos alimentados por carregadores de quarenta munições. Tais peças, às quais se chamou "M1903 Mark 1 rifles", tinham por objetivo, consoante o sítio World Guns, permitir o tiro rápido e em sequência da altura do quadril, enquanto o atirador avançava em direção às linhas inimigas.

Entrementes, o dispositivo supostamente apresentava problemas que as fontes se eximem de esmiuçar, de sorte que até o final dos anos vinte a conversão já havia sido revertida na maior parte dos rifles. O Springfield M1903 Mark 1 se tornou, com o tempo, um item raro de coleção, a despeito de ter sido demandada à Remington a construção de 133.000 unidades, em 26 de março de 1918.

Uma segunda versão foi requerida, ainda em junho de 1918, para converter em semiautomáticos os rifles Enfield M1917. Sob a designação de "US pistol, semi-automatic, .30 caliber, M1918 Mark II", chegaram a ser demandadas 500.000 destas peças. Contudo, com o término da guerra, em 11 de novembro, esta última encomenda foi suspensa, e apenas 65.001 dispositivos do tipo Mark I chegaram a ser construídos e entregues, até março de 1919.



&



Abaixo, Perdersen Device vendido em leilão para colecionador, acima da cotação, por 48.000 dólares (clique sobre a imagem para alargá-la).

Outra prodigiosa antecipação presente no conceito do dispositivo é a sua modularidade: a peça podia ser substituída pela ação manual original, que era carregada no cinturão pelos militares em bolsa vista na foto seguinte, quando se quisesse utilizar o rifle para engajamentos de longa distância.








Rifle com o dispositivo de Pedersen acoplado sendo empunhado à altura do ombro. O carregador é abastecido com um 7.62mm curto, com carga de projeção relativamente lenta, um calibre de potência intermediária que se afigura visionário para seu tempo. A intenção era suprir a mesma demanda de mobilidade e poder de fogo que, nos anos trinta, ensejaria o surgimento da metralhadora de mão e, uma década mais tarde, do fuzil de assalto.