Fui assediado, recentemente, num fórum da internet sobre armas, por um pulha antológico e um estafermo de carteira chamado – Benedito Barbosa.

Trata-se de ninguém menos cômico que o presidente perpétuo da ridícula ONG de extrema direita MVB, a qual prega porte de arma para todos os que designam “cidadãos de bem”. A MVB tem características claras de movimento facista e, sistematicamente, tenta incitar setores da sociedade a se armarem para enfrentar à bala uma tresloucada “revolução comunista” com que sonham Benedito e a meia dúzia de correligionários dementes que amealhou. Cada qual de tais setores é tratado como uma facção em potencial e exortado a possuir armas, freqüentar clubes de tiro e se preparar para o que chamam também, em paralelo, de “revolução” – revolução de direita, é claro, enfatizam. A providência teria em foco a possibilidade de os governos petistas do Brasil, a qualquer momento, promoverem o que eles possam entender como uma guinada mais à esquerda. Por sorte, a barulhenta ONG de Benedito cabe numa Kombi e, se ganha visibilidade, é por parecer saída de alguma chanchada pastelão norte-americana dos anos de 1950 que caricaturasse Hitler e o nazismo.

No fórum onde essa beldade me assediou, diga-se de passagem, com dezenas de milhares de membros, é usual que os filiados contribuintes da MVB escrevam o nome do nosso País com letra minúscula e, em seguida, ratifiquem: “com letra minúscula mesmo”. A prática teve início com o fundador do fórum, que adota a grafia “bRasil” e, sendo gaúcho e descendente de alemãs, embora sem ostentar sobrenome alemão, se diz separatista e “eterno confederado”, aludindo àqueles que lutaram em prol da escravatura na Guerra Civil Norte-americana. Aliás, o próprio fórum está vinculado a outro em homenagem a “Stonewell Jackson”, militar confederado e musa da Ku Klux Klan, cujo nome o gaúcho adota também como nickname em seqüência ao seu próprio.

Os clamores pela volta do regime militar são, outrossim, muito comuns dentro do grupo em questão, onde, em dado período, um oficial PM do Rio de Janeiro, também descendente de alemãs e moderador do fórum, costumava lançar protestos racistas bem diretos, alegando, inclusive, – a título de brincadeira – que adotaria algemas de tornozelos para alguns detentos. O oficial da PMERJ finalizava as infâmias com trechos da canção que marcou a entrada da telenovela “Escrava Isaura”, da Rede Globo, nos anos setenta, como o seguinte: “vida de negro é difícil, é difícil como o que”.

Nesse ambiente, difícil até de ser qualificado, a ONG de Benedito Barbosa, a MVB, tem o seu veículo principal de propaganda e verdadeiro reduto.

Ali, promovem-se orgias de ódio constantes em linchamentos morais contra políticos rotulados de desarmamentistas – para eles a pior heresia do mundo –, contra os jornalistas em geral, contra ativistas de direitos humanos e suas respectivas ONG, contra petistas e eleitores do presidente Lula e da presidente eleita Dilma Rousseff, a quem detratam violentamente, chamando de ladra, terrorista e etc. Benedito chegou a esboçar apoio a um possível candidato à presidência do Brasil no estilo do falecido Enéas, mas findou optando por um Serra declaradamente desarmamentista e vinculado a um partido que carrega a social democracia no nome.

Quanto a mim, conquistei o ódio definitivo de Benedito quando fiz oposição às suas dantescas incitações de violência armada dirigidas aos homossexuais. “Bené”, como é invocado freqüentemente, tendo-se aliado a outro grupo facista chamado “Gays de Direita”, sustentava, em tal ocasião, que os gays deviam se armar nas ruas para reagir contra “ataques de homofóbicos”. Fiz ver a muitos o caráter temerário dessa sustentação e foi aí que a figura esdrúxula anotou o meu nome na sua lista rosa choque.

O presidente da MVB passou a atacar os tópicos que abríamos, sendo seguido por uma turba de facistóides, formada, sobretudo, por moderadores do tal fórum, os quais o acompanhavam para gritar “Barrabás, Barrabás!” em seu favor e contra nós. Ora, desse modo, não há quem consiga desenvolver um argumento sério, evidentemente. Ainda assim, eu fui capaz de marcar época naquela pesada comunidade e, inclusive, usando manobras de controle mental, guerra de nervos e “trollagem”, levei a colapso emocional severo uma série de membros, alguns dos quais desapareceram completamente de cena, até que, por fim, saindo do transe induzido, os tais moderadores tiveram coragem de expulsar o meu perfil de lá. Sim: eu li o Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano e muito mais coisas extremamente úteis nessa esfera; conheço e estudo, de modo contínuo, técnicas de GERS – Guerra Em Rede Sociais e sou essencialmente patriota, até a raiz da alma, além de acidentalmente petista: Brasil acima de tudo!

Além do lado ideológico, vale dizer que também me divirto deveras com tudo isso.

O ataque sistemático de Benedito ao nosso projeto de um .38 Spl de 200 grains, por exemplo, tem detalhes cômicos memoráveis que, infelizmente, não poderei explicitar aqui, sob pena de ser processado pelo ativista com alguma base: vou deixar a cargo da imaginação e das eventuais pesquisas que os curiosos queiram fazer a respeito.

Porém, afora, essa parte mais hilariante, diz ele que munições com projéteis desse peso necessariamente deixam a boca do cano das armas a 600 “feet per second” – sim, Benedito, que escreve tão mal em português, prefere a notação em língua inglesa... – ou 182,88 m/s, no SI (sistema internacional). Isso é um disparate, obviamente, já que com diferentes cargas e comprimentos de cano se obtém velocidades diversas. Diz o presidente da MVB, ainda, que projéteis de 200 grains “batem de lado” no alvo, "mesmo a cinco metros de distância", e deixando a boca do cano a 250m/s. Segundo ele, formar-se-ia um “key hole”... nos alvos atingidos pela nossa munição. Para validar seus argumentos, Bené lançou mão de um recurso muito utilizado pelos proxenetas de plantão, à imitação de Martin Fackler, criador da via da “cavidade permanente” em balística - em inglês: deep penetration. Aliás, é ocioso comentar que Bené e seus fascistóides são adeptos de Fackler e da via da “cavidade permanente”, não é?... Mas, voltando ao assunto, afirma Benedito que o FBI teria realizado testes, nos anos sessenta, com o .38 Super Police, os quais detectaram tudo aquilo que ele afirma. Obviamente, Benedito mente: esses testes são uma invenção sua. O FBI realiza experimentos constantes a respeito de todo tipo de munições, sem dúvida, mas ele não tem notícia de teste algum, tanto assim, que não mostrou nada a respeito: está apenas mentindo e se preparando para o seu futuro político como “Enéas mais burro” dos atiradores de clube nazifacistas. Quando, por renitência, se somava qualquer dado novo à questão, como, por exemplo, a velocidade de 250m/s, a bizarra criatura, prontamente, improvisava: “os [norte-] americanos já conseguiram velocidades de 250m/s facilmente”... E concluía: “Você não está inventando nada”...


Benedito, presidente perpétuo da ONG fascista MVB.


Igor Buys
Justiça Federal, mat: 11455
Sind. Escritores/RJ: 2182